18 junho 2006

Céu de Baunilha

Sempre que assisto as últimas cenas deste filme sintonizo-me naquela corrente de reflexão interna que se desencadeia no personagem. Tomo para mim aqueles questionamentos e deixo a música sem nome elevar minhas emoções, aglutinando tudo num soluço que não sai, nas lágrimas oscilantes em minhas pálpebras, no choro contido. Percebo como a morte pode ser encarada como um momento de reflexão póstuma, pois é ler o livro que se escreveu e que não mais pode ser apagado. Não é arrependimento, muito menos falta de orgulho, ou mesmo a presença deste na sua forma peçonhenta, mas é somente concluir que a única oportunidade que tivemos pode ter se perdido em sonhos que não eram nossos.
O coração aperta ao cogitar que uma vida inteira pode ter sido empregada na busca de um sonho falso, que assim o é não por ser de outra pessoa, mas por não ser de pessoa alguma, e ao mesmo tempo sê-lo de todos. O que eu busquei? Em que objetivos empreguei meus esforços? Ah, como me doem estas perguntas. Sei que falhei por muitas vezes, mas não pode ter sido tudo em vão. Agora sei que todo o esforço inútil serviu de aprendizado valioso, e assim o é mesmo que não sirva mais para mim. Talvez a experiência sirva apenas aos mais novos, que podem contar com alguns atalhos descobertos pelo seu velho avô. Sim, pode ser inútil a mim tantos sentimentos guardados. Mas de alguma forma me realizei, pois com a reflexão das experiências pude descobrir o que eu buscava. E este descoberta foi como a própria realização do sonho.
Agora sei porque me entreguei a paixões instantâneas, sacrifiquei a mim e a outros, disse que amava e que odiava, relutei em aceitar o fatídico destino, desconfiei da felicidade em seus poucos momentos de existência, deixei de lutar quando mais devia. Tudo isso porque eu buscava o amor. Simples assim, o amor. Este cálice tão raro e delicado, que deixei passar por minhas mãos simplesmente por não saber como ele era na realidade. Eu buscava um amor de filme e de novela, um romance com a vida, uma entrega mútua e verdadeira, desprendida. Esse era o amor. Mas este não é o amor. Amor brota porque se rega. Amor nasce quando se planta. Amor romance é conseqüência do amor a si próprio, refletido nos outros. É quando se quer bem a outrem, sem que se faça mais perguntas. Eu buscava receber amor sem ter dado amor. Por isso ele nunca chegou.
A vida não é para ser vivida como uma busca egoísta, onde somente nós mesmos devemos receber. A vida deve ser vivida com entrega, dedicação. O amor surge quando é cultivado no coração de outra pessoa. Assim o seu amor surgirá, e quando isto acontecer alguém também cultivará amor no seu coração. Este amor que sempre busquei existe, mas somente nasce quando nos permitimos a dar antes de receber.

10 comentários:

Anônimo disse...

Nossa Fred, vc voltou com a corda toda.
Um lindo texto, sincero, cheio de emoção, fiquei comovida ao ler suas palavras. Vc sempre especial, sabe escrever de uma forma maravilhosa, simples e exata.
Bem vindo de volta a vida de blogueiro, seni sua falta.
Bjo

F disse...

Valeu Let!!! Brigadão mesmo!!!
Eu tb senti falta de tocar as pessoas...hehe...
bjos!

Anônimo disse...

Nossa, Fred, que bonito... Copiei uma parte pra mim, tá? Não, não briga comigo!! É só porque achei muito bom mesmo!!
Beijos! Ev

F disse...

POde copiar Ev!!! hehe...brigado!!!
bjs!

Hilda disse...

Fredchenho!!!
Sabe que das primeiras vezes em que assisti ao filme eu não entendi a história direito?
Agora já estou mais entendida sobre o céu de baunilha, hehe.
bjão procê!

Anônimo disse...

E aí Fred, tudo bem? Ficou ótimo este texto. Você escreve muito bem. De vez em quando darei uma passadinha aqui.
Abraços.

Anônimo disse...

Ei Frigirico.. já estou com saudades suas.... heheheh.. noite boa a de ontem né??? temos q repetir.. bjus.. Jojô

Anônimo disse...

Amor a gente não busca, nem se pede... muito bacana seu texto, só fui ler hj... Beijos e ate "em outra vida, quando formos gatos”? hehehe
Besos

Anônimo disse...

Frigiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii.. tipo assim.. tá na hora de atualizar né???? heheheh.. bjus.. JÔ

Anônimo disse...

Sigur Ros - Njosnavelin é essa a Música
de que você fala.. A Música que traz nostalgia
e que nos faz pensar no sentido que damos À vida
Um abraço