Hoje estive a sonhar somente com os olhos fechados. Voava pelo nosso planetinha, que ficou "inha" diante da velocidade em que ia de um lugar a outro. Com pouco tempo fiz visitas à vários lugares que eu conhecia e ao dobro deles que nem sequer existiam. O sol era pálido demais, com um amarelo seco. Pois o fiz anil. E por que não colocar o Sol e a Lua juntos? Pois assim foi feito. Um céu verde, com nuvens cor-de-rosa, o Sol anil e uma Lua lilás. Ainda haviam as planícies, com uma fusão de cores sem igual. Já no chão, percebia-se que a aparente confusão de cores era na verdade o casamento de várias delas. E belos por sinal. Podia-se sentir aquela fragrância por toda parte. Um perfume que variava com a luz e a música das árvores cantantes. Era difícil distinguir um sentido do outro. Havia, na verdade, uma sensação única e absoluta. Uma sensação que correspondia com tudo.
Este foi um sonho. Com tudo o que não existe quando estamos de olhos abertos. Tudo isso existiu em um momento, ainda que curto. Marcou e deixou lembranças. Assim como o passado que não mais existe, os sonhos deixam lembranças reconfortantes (os sonhos, não os pesadelos), e impreguinam nossa alma com um sentimento de felicidade. Tanto o é que odiamos quando alguém nos desperta, interrompendo uma boa "ilusão" que vivíamos em nossos castelos suspensos no ar. É interessante quando descobrimos que podemos encontrar alguma felicidade (alguns diriam utilidade) em lembranças de algo que não existiu enquanto estávamos acordados. Passo a divagar na velha filosofia sobre o que é sonho e o que é realidade. Ou será que não existe essa diferenciação? Bom, ao menos serve para entender que o que não existe é aquilo que não se conhece. E se há lembranças, então existiu em algum momento, em algum lugar. É uma pena o ser humano ainda ser relutante a aceitar a mente e a alma como uma parte do seu ser, desprezando a beleza poética que existe em perfectibilizar o impossível e fazer existir o que não se lembra.